São Guido de Anderlecht - 12/09
Guido de Anderlecht nasceu em Brabante, na Bélgica, e viveu entre os séculos X e XI.
Desde os primeiros anos de sua infância, ele já demonstrava um profundo desapego pelos bens terrenos.
Por essa razão, quando chegou à juventude, ele tomou a iniciativa de distribuir aos pobres tudo o que possuía e tudo o que ganhava, revelando assim sua generosidade e seu espírito de caridade.
Movido pela ânsia de viver uma vida ascética e mais próxima de Deus, Guido decidiu abandonar a casa dos pais — que, aliás, eram bondosos camponeses cristãos — e procurou servir como sacristão do vigário de Laken, uma localidade próxima a Bruxelas.
Dessa forma, ele acreditava que poderia ser mais útil às pessoas carentes, ao mesmo tempo em que se dedicaria com mais intensidade às orações e à penitência.
Após a morte de seus pais, Guido tomou uma nova decisão: ele resolveu tornar-se comerciante.
Segundo sua lógica, essa escolha lhe permitiria obter mais recursos financeiros, os quais ele usaria para auxiliar e socorrer os pobres e os doentes.
No entanto, durante uma de suas viagens comerciais, o navio que transportava suas mercadorias afundou nas águas do rio Sena.
Diante dessa tragédia, Guido compreendeu que havia escolhido o caminho errado.
Ele reconheceu que, ao abandonar sua vocação religiosa para se dedicar ao comércio — mesmo com a intenção nobre de ajudar os necessitados — havia cometido um equívoco.
Por isso, sem hesitar, Guido deixou para trás a vida de comerciante.
Em seguida, vestiu o hábito de peregrino e retomou com firmeza o caminho da religiosidade.
A partir de então, ele passou a dedicar-se novamente à peregrinação e à assistência aos pobres e doentes.
Durante sete anos consecutivos, ele percorreu as longas e inseguras estradas da Europa, sempre com o objetivo de visitar os maiores santuários da cristandade.
Depois dessa extensa peregrinação, que incluiu inclusive a Terra Santa, Guido retornou ao seu país de origem.
No entanto, ele já se encontrava fraco e bastante cansado. Ao chegar, ele buscou abrigo na casa de um sacerdote na cidade de Anderlecht, situada nas proximidades de Bruxelas.
Foi justamente dessa cidade que ele herdou o sobrenome pelo qual ficou conhecido.
Pouco tempo depois de se instalar em Anderlecht, Guido faleceu.
Sua morte, no entanto, não passou despercebida.
Ele partiu com fama de santidade, e os moradores da cidade decidiram sepultá-lo ali mesmo.
Com o passar dos anos, sua sepultura transformou-se em um verdadeiro polo de peregrinação.
Por causa disso, os fiéis construíram uma igreja dedicada a ele, com o propósito de guardar suas relíquias e perpetuar sua memória.
Ao longo dos séculos, a devoção a São Guido de Anderlecht cresceu de maneira significativa.
Essa devoção se espalhou principalmente entre os sacristãos, os trabalhadores da lavoura, os camponeses e os cocheiros.
Aliás, muitos o consideram o protetor das cocheiras, especialmente dos cavalos.
Segundo a tradição popular, Guido não conseguiu resistir a uma infecção que lhe causou um forte desarranjo intestinal — uma enfermidade bastante comum naquela época, devido à escassez de recursos de saneamento e higiene nas cidades.
Até os dias atuais, os fiéis continuam invocando o nome de São Guido para pedir a cura desse mal.
Sua festa litúrgica, tradicionalmente celebrada no dia 12 de setembro, carrega uma intensa carga de devoção popular.
Na cidade de Anderlecht, essa celebração é precedida por uma procissão solene e finalizada com uma bênção especial, concedida aos cavalos e aos seus cavaleiros, reforçando assim o vínculo entre o santo e os que dependem desses animais para viver.
São Guido de Anderlecht, rogai por nós!