São Pedro Claver - 09/09 Cuidava dos escravos
“Ego Petrus Claver, etiopum semper servur (Eu Pedro Claver, dos negros escravos para sempre)”, escreveu certa vez São Pedro Claver.
Como missionário em Cartagena, na Colômbia, ele assumiu com coragem e dedicação o papel de protetor da população negra e dos escravos.
Por esse motivo, o Papa Leão XIII, ao canonizá-lo, declarou com admiração:
“Pedro Claver é o santo que mais me impressionou depois da vida de Cristo”.
Pedro Claver nasceu em Verdú, na região da Catalunha, Espanha, em 26 de junho de 1580.
Como seus pais eram profundamente piedosos e desejavam consagrar o filho ao serviço do altar, eles decidiram enviá-lo à cidade de Salsona, onde ele começou a estudar os primeiros elementos da gramática.
Quando completou 15 anos, o Bispo de Salsona conferiu-lhe a primeira tonsura.
Posteriormente, aos 21 anos, Pedro ingressou na Companhia de Jesus, em Barcelona.
Desde então, ele demonstrou uma devoção intensa à Virgem Maria e tornou-se um adorador fervoroso de Jesus Eucarístico.
Após concluir seus estudos, Pedro recebeu a ordenação sacerdotal e, em seguida, partiu como missionário para Cartagena, um importante porto colombiano.
Lá, ele viveu seu apostolado entre os escravos durante mais de quatro décadas. Em Cartagena, ele se deparou com um dos três principais portos negreiros da América Espanhola.
A cada ano, entre 12 e 14 navios chegavam carregados de escravos africanos.
Esses escravos, que traficantes traziam ou roubavam da África, enfrentavam uma viagem cruel e desumana.
Durante o trajeto, eles permaneciam confinados nos porões escuros dos navios, que, evidentemente, não ofereciam condições mínimas para abrigar seres humanos.
Os traficantes tratavam essas pessoas com menos cuidado do que dispensavam aos animais selvagens. Ao final da travessia, os que conseguiam sobreviver acabavam sendo vendidos.
Sem sombra de dúvida, o mercado de escravos representou uma das páginas mais vergonhosas da história da colonização das Américas.
Embora muitos missionários tenham levantado suas vozes contra essa prática desumana, eles enfrentaram perseguições e, em muitos casos, acabaram sendo expulsos.
Enquanto os escravos permaneciam presos, aguardando compradores, Pedro Claver aproveitava para instruí-los e batizá-los.
Essa atitude, no entanto, gerou diversos problemas para ele.
Em vários momentos, as pessoas do povoado não o compreendiam, e até mesmo seus superiores questionavam suas ações.
Apesar disso, Pedro Claver persistiu em sua missão.
Ele continuou sua obra com firmeza e fé, tornando-se, assim, um verdadeiro profeta do amor evangélico — um amor que não reconhece fronteiras, nem cor.
Embora o Papa tenha proibido o comércio de escravos em diversas ocasiões, a voz da Igreja não conseguia comover a dureza dos comerciantes e tampouco sensibilizar as autoridades.
Durante mais de quarenta anos, Pedro dedicou sua vida ao serviço dos escravos.
Ele cuidava deles com zelo, tanto no aspecto físico quanto espiritual. Com incansável esforço, evangelizava cada um individualmente.
Ao longo de sua trajetória, mais de trezentos mil escravos passaram por suas mãos.
No dia 3 de abril de 1622, Pedro Claver decidiu acrescentar aos votos religiosos de sua profissão mais um voto pessoal: o de dedicar toda a sua vida ao serviço dos negros escravos.
Para testemunhar esse compromisso, ele escreveu de próprio punho: “para sempre escravo dos negros”.
Como vítima da caridade, Pedro Claver contraiu uma terrível peste enquanto socorria os excluídos e chagados, que ele via como o próprio Cristo.
Ele faleceu em 1654, aos 74 anos de idade, após 52 anos de vida religiosa.
Partiu para a Casa do Pai em 9 de setembro daquele ano, no território que hoje corresponde à Colômbia.
Posteriormente, o Papa Pio X declarou Pedro Claver como patrono especial de todas as missões entre os negros.
Em 1986, São João Paulo II visitou o túmulo do santo em Cartagena e, durante sua homilia, afirmou com firmeza:
“Hoje, como no século XVII em que viveu São Pedro Claver, a ambição do dinheiro domina o coração de muitas pessoas e as converte, mediante o comércio da droga, em traficantes da liberdade de seus irmãos, aos quais escravizam com uma escravidão mais temível, às vezes, do que a dos escravos negros…”.
Por fim, o Papa concluiu com um apelo contundente:
“Como homens livres a quem Cristo chamou a viver em liberdade, devemos lutar decididamente contra essa nova forma de escravidão que a tantos subjuga em tantas partes do mundo, especialmente entre a juventude, a qual é necessário prevenir a todo custo e ajudar as vítimas da droga a se libertar dela”.
São Pedro Claver, rogai por nós!