Santos Filipe e Tiago - 03/05
Antes de tudo, é importante destacar que a comemoração conjunta dos dois apóstolos, Filipe e Tiago, surgiu a partir de uma tradição antiga e profundamente enraizada na história cristã.
Segundo essa tradição, os fiéis transportaram as relíquias dos dois mártires de Hierápolis e de Jerusalém até Roma, com o propósito de colocá-las em repouso na igreja dos Santos Apóstolos.
Filipe, que nasceu em Betsaida, ocupa consistentemente o quinto lugar na lista dos apóstolos.
Além disso, o evangelho de João, que o menciona três vezes, por exemplo, traça um perfil bastante interessante desse apóstolo, com base em duas respostas que ele oferece a perguntas formuladas por Jesus.
Primeiramente, durante a miraculosa multiplicação dos pães, diante da conhecida pergunta:
“Onde compraremos pão?”, Filipe, após observar atentamente a multidão, refletiu de maneira prática e respondeu: “Nem duzentas moedas seriam suficientes…”.
Posteriormente, durante a última ceia, quando Jesus revela o mistério da Santíssima Trindade, Filipe, de forma igualmente direta, intervém e exclama: “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta!…”.
Diante desse mistério, Filipe, assim como Tomé, demonstra o desejo de tocar com a mão ou, em outras palavras, de ver com os próprios olhos aquilo que o olho humano não consegue enxergar sem o lumen gloriae, conforme explicam os teólogos.
Nesse momento, o apóstolo aparece pela última vez nas Escrituras.
Logo após Pentecostes, conforme relata a Tradição em traços sumários, Filipe dedicou-se intensamente à pregação do Evangelho na Ásia Menor.
Ele manteve essa missão até alcançar os 87 anos, época em que o imperador Domiciano governava.
Nessa fase final de sua vida, Filipe enfrentou o martírio e morreu crucificado, assim como Cristo.
Por outro lado, São Tiago, conhecido como o “Menor” para diferenciá-lo do homônimo irmão de João, também desempenhou um papel fundamental.
Sendo primo de Jesus, ele escreveu uma epístola dirigida a todas as comunidades cristãs.
À medida que lemos essa epístola, percebemos a figura de um homem austero e reservado.
Com efeito, Tiago nos admoesta com firmeza sobre a importância do comedimento ao falar, pois, segundo ele, devemos prestar contas a Deus por cada palavra supérflua que pronunciamos.
Com o passar dos séculos, suas palavras continuam a ecoar como um sinal profético:
“… Ó ricos, clama contra vós os bens de que privastes os trabalhadores…”.
Finalmente, em relação ao martírio de Tiago, que assumiu o episcopado de Jerusalém após o martírio do outro Tiago, o historiador judeu Flávio Josefo nos fornece relatos de primeira mão.
De acordo com Josefo, os inimigos de Tiago tentaram lançá-lo do pináculo do templo e, em seguida, o apedrejaram em 62.
O sumo sacerdote Ananias II, aproveitando-se do vácuo de poder que surgiu após a morte do procurador romano Festo, decretou sua condenação.
Santos Filipe e Tiago rogai por nós!